RESENHA – CRIAR FILHOS COMPASSIVAMENTE: MATERNAGEM E PATERNAGEM NA PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

Artigo

RESENHA

  

CRIAR FILHOS COMPASSIVAMENTE: MATERNAGEM E PATERNAGEM NA PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

 

Marsall Rosenberg

Bruna Bisi Ferreira de Queiroz1

O autor iniciou seu trabalho na pacificação de conflitos na década de 60 atuando em 62 países e 4 continentes, em áreas diferentes afetadas pela guerra, pobreza e conflitos sociais. Com toda essa experiência fundou o Center for Nonviolent Communication e hoje a Comunicação Não Violenta é ensinada em mais de 60 países a fim de resolver conflitos pacificamente, buscando uma conexão compassiva consigo e com os outros.

O autor desenvolve o uso da ferramenta da comunicação não violenta voltada para a criação de filhos de forma compassiva, pois a maioria das pessoas acredita na criação punitiva e coercitiva como algo normal. Para a mudança desta mentalidade é muito importante uma comunidade de apoio que incentive uma criação compassiva, de respeito mútuo entre pais e filhos, de oitiva das frustrações e escuta das necessidades.

Na educação tradicional, pais e mães têm o entendimento de que as crianças devem se comportar bem e ser obedientes, criando uma hierarquia e autoridade dos pais sobre os filhos. Isso com o objetivo de que a criança faça aquilo que os pais querem, ameaçando sua autonomia e o direito de escolher o que querem fazer e como querem fazer, seja por meio de coerção ou punição (física ou psicológica), sem observar que a violência gera violência de forma cíclica.

No livro o autor afirma que 80% dos pais norte americanos acreditam, sem reservas, na eficácia do castigo físico para crianças, acreditando que se não punirem os filhos diante de uma situação de “mau comportamento” estarão sendo permissivos e abrindo mão de seus valores e hierarquia. Os pais se esquecem de criar um bom vínculo, de respeito mútuo e de cuidado recíproco de modo que pais e filhos possam reconhecer suas necessidades e assim resolver seus conflitos.

A comunicação não violenta está estruturada em quatro componentes: a observação, os sentimentos, as necessidades e a forma como fazemos nossos pedidos. Dentro desta perspectiva, o autor desenvolve todo seu raciocínio.

Importante para ter essa conexão entre pais e filhos a observação do comportamento de cada um para determinar o que realmente está acontecendo em determinada situação, sem efetuar qualquer juízo de valor. A partir daí vamos identificar os sentimentos e as necessidades de cada um e desenvolver uma comunicação compassiva.

O autor afirma que os sentimentos são universais e quando nossas necessidades são atendidas ficamos admirados, agradecidos, felizes, motivados, satisfeitos, seguros, realizados. Já quando as nossas necessidades são negadas ficamos desanimados, aborrecidos, confusos, constrangidos, inseguros, solitários e tristes.

Aplicando os quatro pilares da comunicação não violenta, podemos exemplificar uma situação corriqueira em algumas famílias. Ao invés de dizer: “Você é um preguiçoso porque não arrumou seu quarto”, falar “Fico frustrado quando vejo que sua cama está desarrumada porque preciso de apoio para manter a casa em ordem”. Verificamos que na segunda frase é possível identificar a real necessidade e que o pedido está mais claro.

Importante distinção é feita pelo autor ao abordar a diferença entre o uso da força para punir e o uso da força para proteger. O uso da força para proteger ocorre quando a criança se encontra em perigo e não há tempo para falar, a ideia é protegê-la. Já a força para punir é usada para punição, com o intuito de gerar na criança algum sofrimento, com castigo físico ou psicológico, controlando a criança.

A principal mensagem do livro é que temos que nos comunicar e nos tratar de uma forma respeitosa, reconhecendo nossas imperfeições para conseguirmos nos expressar de maneira honesta e seguir em uma sociedade mais pacífica e harmoniosa.

Espero que gostem! Boa leitura!

Notas:

1 Aluna especial do Mestrado em Direito Processual, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Pós-graduada em Direito Público. Procuradora Municipal de Castelo/ES. E-mail: [email protected].