Resumo
Artigo
LOGÍSTICA¹
Maria Elizabeth da Silva Nunes²
Comissão de Direito Militar OABRJ
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¹ O artigo foi revisado e faz parte do trabalho de conclusão do XVI Ciclo de Estudos de Política e Estratégia (CEPE), da ADESG/Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, apresentado pela autora em 1991, intitulado: Logística,Mobilização Nacional e Informações Estratégicas.
² Advogada, Pós-graduada em Altos Estudos de Política e Estratégia, pela ADESG/RJ, 1991; Pós-graduada com Especialização em Gestão de Políticas Públicas da Cultura, pela UNB/ Minc, 2006/2008.
³ Membro das Comissões de Direito Militar da OABRJ e da OAB/Barra da Tijuca, Combate à Intolerância Religiosa da OABRJ, Igualdade Racial da OAB/Barra da Tijuca; e Delegada de Prerrogativas junto à Justiça Militar e à Coordenação de Assuntos Previdenciários na Comissão de Defesa, Assistência e prerrogativas (CDAP)
Apresentação:
A ação de prevenir, eliminar ou neutralizar perigos que surjam ou possam surgir na vida das nações não deve ficar ao sabor das improvisações, pois dessa forma, estar-se-ia comprometida a própria soberania nacional e estimulada a atuação do adversário, ante a imprevidência do oponente.
Resulta daí, a necessidade da elaboração de meticulosos planos de Desenvolvimento e Segurança Nacionais, tendo em vista as Ações de Logística, que se preocupa com as necessidades de guerra, e de Mobilização, que procura harmonizar as exigências da guerra com os imperativos de manutenção da vida da Nação; ações, estas, respaldadas em Informações Estratégicas que situam os meios a serem empregados tanto na Logística quanto na Mobilização.
Uma vez decididas as ações estratégicas, é necessário fazer o levantamento dos meios indispensáveis a sua concretização. A esse processo de previsão e provisão, chamamos Logística.
SUMÁRIO
Apresentação
Capítulo I
Introdução
Capítulo II
Um Pouco de História
Capítulo III
Logística Militar
Capítulo IV
Logística Nacional
Capítulo V
Classificação da Logística
- Quanto à Natureza
- Quanto à Finalidade
- Quanto à Extensão
- Quanto ao Meio de Atuação
- Quanto ao Campo de Atuação
Capítulo VI
Atividades Logísticas
- Fases
- Setores Logísticos
- Funções Logísticas
Capítulo VII
Princípios Gerais da Logística
- Objetividade
- Continuidade
- Flexibilidade
- Economia
- Segurança
- Controle
- Prioridade
- Oportunidade
- Unidade de Direção
- Amplitude
- Previsão
- Coordenação
Conclusão
Bibliografia
CAPÍTULO I
Introdução:
A Política estabelece os Objetivos Nacionais Permanentes, visando o Bem Comum, e utiliza-se da Estratégia Nacional, que prepara e aplica o Poder Nacional.
Marcos Coimbra, membro efetivo do Conselho Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), professor aposentado de Economia na Uerj e conselheiro da ESG, em seu artigo “Ameaças aos Objetivos Nacionais Permanentes”, fala sobre três desses objetivos:
A Integridade do Patrimônio Nacional, a Integração Nacional e a Paz Social são três dos Objetivos Nacionais Permanentes do Brasil, caracterizando-se o primeiro por representar a “integridade territorial, do mar patrimonial, da zona contígua, da zona econômica exclusiva e da plataforma continental, bem como do espaço aéreo sobrejacente.
Integridade dos bens públicos, dos recursos naturais e do meio ambiente, preservados da exploração predatória. Integridade do patrimônio histórico-cultural, representado pela língua, costumes e tradições, enfim a preservação da identidade nacional”.
A Integração Nacional é constituída pela “consolidação da comunidade nacional, com a solidariedade entre seus membros, sem preconceitos ou disparidades de qualquer natureza, visando à sua
participação consciente e crescente em todos os setores da vida
nacional e no esforço comum para preservar os valores da
nacionalidade e reduzir desequilíbrios regionais e sociais. Incorporação
de todo o território ao contexto político e socioeconômico da nação”.
Já a Paz Social é representada “pelo culto aos valores da cristandade,
refletindo um valor de vida, não imposto, mas decorrente do consenso,
em busca de uma sociedade caracterizada pela conciliação e harmonia
entre pessoas e grupos, principalmente entre o capital e o trabalho, e
por um sentido de justiça social que, valorizando as potencialidades da
vida em comum, beneficie cada um, bem como a totalidade dos homens”.
Uma vez decididas as ações estratégicas, é necessário o levantamento dos meios indispensáveis a sua concretização. A esse processo de previsão e provisão, chamamos Logística.
Pode-se conceituar a Logística como “O conjunto das atividades relativas à previsão e à provisão de todos os meios necessários à realização das ações impostas pela Estratégia Nacional” (Manuel Básico, ESG. 1983). Como se verifica do conceito exposto, cabe à Logística o atendimento das exigências decorrentes da Ação Estratégica, presente em situações normais ou de emergência.
É da logística a missão de provisão dos recursos equacionadas em quantidade, qualidade, momento e locais adequados. Para isso, é pressuposto que os recursos financeiros sejam alocados conforme as necessidades, caso contrário, ajustes à realidade devem ser introduzidos.
CAPÍTULO II
Um Pouco de História:
Embora empregada desde meados do século XVIII, a palavra Logística advém do termo francês “logistique”, e foi definitivamente incorporada à linguagem militar, em 1838, pelo Barão Antoine Henri Jomini (famoso teórico militar do século XIX e biógrafo de Napoleão), no livro “A Arte da Guerra”, quando sintetizou os três ramos da guerra (até então, a Arte da Guerra somente considerava os fatores da tática e da estratégia):
- a) Estratégia, planejando e determinando o emprego dos meios;
- b) Tática, aplicando esses meios; Logística, fornecendo esses meios.
Associa-se, sem fundamento, o termo logística ao vocábulo grego “logistikos”, que é a arte de calcular. Não é, porém, empregado com tal significado, passando a ser usado exclusivamente para indicar o conjunto específico de atividades militares, anteriormente enquadradas sob o título geral de administração militar. Esta era, por muitos, definida como a arte de planejar, dirigir e executar as atividades militares não abrangidas pela Tática e pela Estratégia, sendo a Logística a parte da administração militar que tratava exclusivamente do suprimento e do transporte das tropas em operação e considerada, também, como o alicerce da arte militar, com sua importância crescendo a cada dia.
De acordo com conceitos mais modernos, a palavra Logística vai se desvinculando, paulatinamente, do significado de apoio exclusivo às forças militares em operações, onde trata de colocar os meios de guerra à disposição das organizações e das operações militares (Logística Militar); dando lugar a uma Logística de caráter Nacional, não exclusivamente militar, que tratava de prever e prover os meios necessários ao esforço de guerra.
CAPÍTULO III
Logística Militar
A Logística Militar compreende o conjunto de atividades, métodos e processos pelos quais são fornecidos meios de toda espécie às Forças Armadas e às Operações Militares. Assim, a Logística Militar compreende:
- a) a obtenção, o armazenamento, o suprimento, a manutenção, a recuperação e a evacuação de material (alimentos, equipamentos bélicos, viaturas, peças sobressalentes, combustíveis e lubrificantes, munição, agentes químicos e etc.);
- b) o recrutamento, a qualificação, a seleção, a distribuição, a movimentação, a evacuação, a direção, o bem-estar e a assistência espiritual;
- c) a obtenção, a reunião, a distribuição, a assistência sanitária e a evacuação de animais; d) a hospitalização, as medidas sanitárias e o alojamento de homens e animais;
- e) o transporte, a circulação e o controle do trânsito;
- f) a aquisição, a construção, a conservação, a distribuição e a utilização de imóveis e instalações;
- g) o serviço postal, as Forças Armadas, os assuntos civis, a lei e a Justiça Militar;
- h) a obtenção e a prestação de serviços;
- i) os recursos financeiros e atividades correlatas.
A Logística Militar trata, pois, da previsão e suprimento das necessidades de vida e de combate das Forças Armadas, tanto na paz, quanto na guerra. Sob o prisma eminentemente bélico, pode-se, portanto, encarar a guerra como um esforço integrado, no qual há atividades logísticas orientadas para a preservação e a ampliação da capacidade operativa do poder, na defesa dos interesses de uma Nação.
Na realidade, nas guerras do passado e mesmo no início da era napoleônica, as preocupações logísticas não iam além do equipamento e do suprimento, que podiam ser transportados pelas próprias tropas, nos seus “trens”. As Legiões Romanas e os Exércitos de Napoleão e de Gustavo Adolfo contavam com uma rede de depósitos em série, que permitiam certo reabastecimento das tropas empenhadas em combate, com recursos fornecidos pelas bases da retaguarda. Mas foi a I Guerra Mundial que, utilizando grande variedade e quantidade de armas, com o envolvimento das populações em massa na luta, foi criado o sistema característico do suporte logístico da guerra moderna.
Posteriormente, a II Guerra Mundial e a Guerra da Coréia demonstraram cabalmente que o fator logístico chegava a ultrapassar, em muitos casos, os fatores tático e estratégico. A cada plano estratégico ou tático, devia corresponder um planejamento logístico, que tornasse possível a realização daqueles. Após essas guerras, firmou-se a doutrina de que a vitória, numa guerra ou mesmo em momentos de paz, só é possível àquele que dispuser de superioridade logística, tanto em qualidade como em quantidade.
A Logística impõe limitações à Estratégia, podendo reagir de forma a passar a Estratégia para a sua subordinação, de acordo com as circunstâncias. Já houve quem comparasse a reação da Logística sobre a Estratégia, como a de um elástico. Quanto mais amplo ou ambicioso for o objetivo estratégico, maiores serão a tensão da logística e a ameaça de ruptura do sistema de apoio.
Da mesma forma que constitui uma das funções da Estratégia avaliar as possibilidades e limitações táticas, constitui também uma função estratégica a avaliação das possibilidades e limitações logísticas. Grandes e importantes campanhas foram conduzidas ao desastre por má avaliação das possibilidades logísticas.
Como nenhum esquema estratégico pode ser levado a efeito sem suprimentos adequados, e como os pontos de apoio logísticos podem também ficar sob pressão inimiga, a Estratégia, evidentemente, tem sempre que considerar a proteção da cadeia logística. Casos há, em que a defesa do sistema logístico necessário às operações passa a constituir o próprio objetivo estratégico.
- Logística Militar do Exército Brasileiro
De acordo com o Manual de Logística do Exército, o C 100-10 – Logística Militar Terrestre, a posição da Logística no quadro das operações militares é assim evidenciada:
“Em várias oportunidades, foi a Logística, mais do que a 14 Estratégia
e a Tática, o fator determinante das vitórias e derrotas, evidenciando
que o resultado final das operações será claramente influenciado
por ela e pela capacidade de melhor executá-la”. (BRASIL, 2002, p.1-1).
Continuando, segundo o referido Manual, a Logística no Exército teve sua evolução doutrinária estabelecida e estruturada no Brasil, inicialmente, na Casa do Trem, mais tarde Arsenal do Trem, pelo Real Hospital Militar e Ultramar, hoje Hospital Central do Exército, sediados no Rio de Janeiro e uns poucos hospitais, na Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul, em serviços onde o provimento de fardamento era encargo do comandante, que recebia recursos do erário real; e para a alimentação, a tropa recebia as soldadas – origem do termo soldo – e com elas deviam abastecer-se dos gêneros de subsistência (Manual de Campanha – Logística Militar Terrestre – C 100-10, MD, Ex. Bras, ECEME, 2ª Ed, 2003, pg. 11/12).
Segundo o Manual, após a Proclamação da República, apareceram os primeiros registros de alterações na estrutura da logística militar terrestre, com a criação, em 1896, da Intendência Geral da Guerra, em substituição ao Quartel-Mestre General, com encargos de direção, gestão e execução, nas áreas financeira e de provimento.
A Missão Militar Francesa, que chegou ao Brasil em 1919, trouxe consigo, com a experiência adquirida na 1ª Guerra Mundial, conhecimentos sobre a importância do Suprimento, do Abastecimento e do Apoio. A partir daí, o então Ministro da Guerra na época, Engenheiro Pandia Calógeras, determinou a criação de depósitos, hospitais militares e parques de manutenção nas guarnições de maior importância.
Assim, em 1920, foi criado o Serviço de Intendência do Exército Brasileiro, que tinha por missão: “organizar, dirigir e executar os serviços de subsistência, fardamento, equipamento, acampamento, combustível, iluminação e alojamento dos efetivos”; e, em 1959, foi criado o Serviço de Material Bélico, com o objetivo de reunir os oficiais responsáveis pelas pesquisas, estudo, fabricação, recuperação, armazenamento do material de guerra química, instrumentos e equipamentos de observação e de tiro, viaturas, combustíveis e lubrificantes; sendo deixados de lado a improvisação e o empirismo, que caracterizavam o apoio logístico, optando-se pelos métodos doutrinários e pelos experimentos científicos.
Ao longo dos anos, com estudos e pesquisa, visando o aprimoramento do tema, novos enfoques foram dados à Logística, com a criação do Comando Logístico (COLOG) e do Comando Logístico e de Mobilização do Núcleo Central (CLMNC), além dos Cmdo ZA e Distritos Logísticos; além da adoção da Organização Básica do Exército (OBE), em 1988, quando foi adotada uma nova definição de Logística, onde o Sistema Logístico do Exército Brasileiro passou a ser constituído pelos subsistemas Comando Logístico, Logística Organizacional e Logística Operacional, com atividades voltadas para as áreas de Saúde, Suprimento, Manutenção, Construção, Transporte e Pessoal.
O Exército Brasileiro desenvolveu um programa específico para essa área, com a adoção de práticas gerenciais de ponta, levando a um diferencial em seu desempenho, como um todo, em comparação com as outras forças, setor público e empresas privadas. O programa chama-se Programa Excelência Gerencial do Exército Brasileiro, conhecido pela sigla PEG-EB.
Atualmente, o Serviço de Intendência das Forças Armadas tornou-se um dos seus principais apoio logístico, sendo, essa, a nova concepção da Logística Militar. Um Setor de Intendência, funcionando dentro da prática da boa gestão, traz benefícios para a Unidade Militar, com significantes melhorias nos desempenhos das atividades, da economia nos gastos e da qualidade dos produtos.
Dessa forma, aprimorar e atualizar os conceitos e utilização da Logística no meio Militar, só veio favorecer as Forças Armadas, que têm gozado de prestígio entre seus irmãos de arma, bem como junto à opinião pública, na otimização de suas ações, realizadas com comprovada redução de custos, sem deixar de lado o padrão de qualidade e rapidez em suas execuções.
O Estado-Maior do Exército é o responsável pela direção geral da logística militar terrestre, cabendo-lhe emitir as diretrizes referentes ao apoio logístico no âmbito do EB.
CAPÍTULO IV
Logística Nacional
A Logística Nacional compreende o conjunto de métodos e processos, por meio dos quais se obtêm, do potencial nacional, os recursos materiais e humanos necessários à guerra, efetuando-se a distribuição desses recursos pelos diversos setores da atividade nacional, empenhados no esforço de guerra.
Na posição em que está situada, a Logística Nacional confunde-se, muitas vezes, com a própria Economia Nacional porque não encara apenas as necessidades exclusivas das Forças Armadas, mas, também, as de ordem civil, as imposições da política internacional e os interesses comerciais.
A Logística Nacional surge ao ser declarado o Estado de Guerra ou do processar-se, mesmo durante a paz, a mudança da economia de paz para a de guerra.
À Logística Nacional, caberá, também, desenvolver as ações estratégicas que envolvem as “obrigações” contraídas nos Tratados e Alianças, formados com outras Nações, visando o fortalecimento do Poder Nacional.
A Logística Nacional pode ser classificada de acordo com seu campo de atuação:
- a) Logística para o Desenvolvimento, que é o conjunto de atividades de previsão e provisão dos meios necessários à realização das ações decorrentes da Estratégia de Desenvolvimento;
- b) Logística para a Segurança, que é o conjunto de atividades de previsão e provisão dos meios necessários, agora, voltado à realização de ações decorrentes da Estratégia de Segurança.
As principais características da Logística Nacional são:
- a) Atividades Permanentes, existindo tanto em situação de normalidade, em apoio às ações correntes, como em apoio às ações de emergência;
- b) Planejamento, que requer dinamismo e flexibilidade para se adaptar, com presteza, às mutações decorrentes da variação dos meios necessários à execução das ações estratégicas, que objetivam conquistar e manter os objetivos nacionais.
- Logística Empresarial
Na Obra Logística Militar – Berço da Logística Empresarial, de Betovem Dias, é possível ser observado o quanto o êxito obtido pelos Militares, na aplicação da Logística em sua vida diária, vem influenciando os empresários em seus negócios.
Com a globalização e os avanços tecnológicos, as empresas precisam estar atualizadas e preparadas para essas mudanças e transformações, para não perderem a competitividade no Mercado! Conhecimento é Poder! E quem não se mantém atualizado, é engolido pelas grandes forças, que têm surgido com novos comportamentos e desafios, praticamente a todo o momento!
A Logística é de extrema importância para a área empresarial porque agrega diferentes valores à cadeia produtiva, eliminando custos e perda de tempo para o cliente, mas, em contrapartida, oferecendo a esse cliente produtos de qualidade e com preços competitivos, em relação ao seu concorrente; obtendo, em troca, um aumento em sua margem de lucros (da empresa).
Como nas guerras, onde a Logística Militar é o diferencial para se ganhar uma batalha, porque com o suporte adequado, a tropa terá condições de vitória; da mesma forma acontece em uma empresa. As técnicas, advindas de um bom planejamento Logístico, darão o norte para o sucesso desse negócio!
O empresário que não se atualizou, não repensou sua estratégia de negócios, fatalmente não terá condições de competir com seus concorrentes em igualdade de condições! Dessa forma, uma gestão competente, com a utilização das técnicas necessárias, fará toda diferença.
CAPÍTULO V
Classificação da Logística
Classifica-se a Logística quanto a sua natureza, finalidade, extensão, meio e campo de atuações, como a seguir:
- 1. Quanto à Natureza
- a) Logística Pura, que consiste na pesquisa científica das teorias, princípios e leis que não regem a atividade logística;
- b) Logística Aplicada, que consiste na aplicação prática dos problemas logísticos.
- Quanto à Finalidade
a)Logística de Produção, que trata das questões relativas à obtenção dos meios logísticos;
- b) Logística de Consumo, que se ocupa da distribuição dos meios, de acordo com as necessidades.
- Quanto à Extensão
- a) Logística Internacional, considerando os compromissos firmados nos Tratados e Alianças, e objetivando a segurança coletiva, esta se preocupa com a previsão e provisão de meios (pessoal, material, instalações e serviços) para Ações Estratégicas em nível Internacional;
- b) Logística Nacional, a ela também caberá a previsão e provisão de meios requisitados para as Ações Estratégicas, envolvendo as “obrigações” contraídas nos Tratados e Alianças, formadas com outras Nações, visando o fortalecimento do Poder Nacional.
- Quanto ao Meio de Atuação
- a) Logística Civil, que desenvolve atividades de previsão e provisão de meios tanto para o Setor Público, quanto para o Setor Privado, e reúne a Logística de cada uma das expressões do Poder Nacional;
- b) Logística Militar, acompanha a Logística das outras expressões e nela estão contidos os meios que as Forças Armadas necessitam em tempos de paz, de crise e/ou de guerra.
- Quanto ao Campo de Atuação
- a) Logística para o Desenvolvimento, que é ligada à realização das ações impostas pela Estratégia de Desenvolvimento;
- b) Logística para a Segurança, ligada às realizações impostas pela Estratégia de Segurança.
CAPÍTULO VI
Atividades Logísticas:
- Fases:
São os diferentes aspectos sob os quais se processam as atividades logísticas que, embora bem definidas, se entrelaçam no tempo:
1.1. Determinação das necessidades: com o levantamento completo dos meios necessários à execução das ações planejadas, bem como dos locais e prazos em que tais meios deverão estar disponíveis. Nesta fase, atende-se às seguintes perguntas:
- a) O que prover?
- b) Quanto prover?
- c) Para quem prover?
1.2. Obtenção dos meios: destina-se a conseguir os meios necessários nas respectivas fontes. Procura-se, então, responder às indagações:
- a) Como obter?
- b) Onde obter.
1.3. Distribuição dos meios: consiste em fazer chegar, tempestiva e eficazmente, aos executores das ações estratégicas, todos os meios previstos e conseguidos nas fases anteriores. Satisfaz-se as indagações:
- a) Como distribuir?
- b) Para quem distribuir?
- c) Quando distribuir?
- d) Onde distribuir?
- Setores Logísticos:
Sendo a Logística um conjunto abrangente de atividades, que envolve um vasto campo de atuação, suas tarefas de prever e prover meios ao atendimento das ações estratégicas podem ser desdobradas em setores, que são:
- a) Pessoal;
- b) Material;
- c) Instalações;
- d) Serviços.
- Funções Logísticas:
Em cada um dos setores poderá existir atividades logísticas, de natureza correlata ou afim, interdependentes, não só facilitar o trato de assuntos logísticos, como para tornar mais eficaz o desempenho das mesmas, convencionou-se denominar de funções logísticas, dentre as quais se destacam:
3.1. Pessoal
- a) Recursos Humanos – conjunto de atividades relacionadas com a aplicação do potencial humano;
- b) Saúde – conjunto de atividades relacionadas com a conservação do potencial humano, através de medidas preventivas e de recuperação.
3.2. Material
- a) Suprimento – ato de fornecer aos elementos empenhados nas ações, todos os artigos necessários para o seu equipamento, sua vida, seu treinamento e seu emprego;
- b) Manutenção – conjunto de medidas relativas à conservação e ao conserto do material, de modo que este se mantenha em condições de utilização.
3.3. Serviços
- a) Construção – compreende as ações de planejamento e execução de obras e de instalações necessárias às atividades;
- b) Transporte – compreende o deslocamento de meios materiais e de recursos humanos para a realização de quaisquer atividades.
CAPÍTULO VII
Princípios Gerais da Logística:
Sendo a Logística uma atividade relacionada com a previsão e a provisão de meios necessários à execução das ações de segurança, obedece aos princípios gerais, que são válidos para qualquer Nação, e dizem respeito a um planejamento dinâmico, permanentemente atualizado, que são:
- Objetividade
Identificação nítida das atividades que devem ser realizadas e determinação correta dos meios necessários para a sua concretização, no espaço e no tempo.
- Continuidade
Estabelecimento das atividades logísticas, em sequência lógica e com caráter permanente.
- Flexibilidade
Capacidade de adaptação, a fim de fazer jus às situações supervenientes, de acordo com a dinâmica da conjuntura.
- Economia
Racionalidade na obtenção, distribuição e utilização dos meios disponíveis, evitando-se desperdícios.
- Segurança
Garantia de execução dos planos elaborados, apesar dos óbices que venham a se interpor.
- Controle
Acompanhamento das atividades logísticas em andamento e comparação dos resultados da sua execução com o que fora previsto no planejamento.
- Prioridade
Estabelecer escalonamento de atividades a serem desenvolvidas, prevalecendo o principal sobre o secundário.
- Oportunidade
Adequação da execução das atividades no momento certo.
- Unidade de Direção
Existência de uma autoridade central, que assegure a convergência de esforços para o objetivo estabelecido.
- Amplitude
Compreensão de que toda atividade que vise a proporcionar meios em pessoal, material, instalações, dentro da capacidade do Poder Nacional, pode ser rotulada como Logística.
- Previsão
Condicionamento do êxito das atividades logísticas à capacidade da correta estimativa de necessidades.
- Coordenação
Conjunção harmônica de esforços de elementos distintos, visando alcançar um mesmo objetivo.
CONCLUSÃO
Finalizando o presente artigo, podemos concluir que a Logística tornou-se tão significativa na atualidade, que já existe Curso de Tecnólogo em Logística, em algumas faculdades.
Verifica-se que cabe à Logística o atendimento das exigências decorrentes da Ação Estratégica, presente em situações normais ou de emergência. A Logística Nacional, na forma como é conceituada, constitui um dos instrumentos de execução e de atuação permanente de que se vale a Estratégia Nacional na aplicação do Poder Nacional, para a conquista e a manutenção dos Objetivos Nacionais, situando-se no quadro da Segurança Nacional.
Os setores empenhados tratam de obter os diferentes recursos, em quantidades, espécies e características que lhes forem indicados, para atender aos diversos setores civis e militares.
Em relação à Logística Militar, depois de ter se projetado em estreita associação com a ideia de guerra, ela extravasou da dimensão militar para vincular-se a problemas inerentes às ações ditadas pela Estratégia Nacional. Enquanto que os Estados Unidos, na 2ª Guerra Mundial, em sua Logística Militar, lidou com o desafio de integrar sua Logística com a Estratégia e a Tática; o Brasil, por sua vez, foi à procura das próprias ideias, flexíveis e criativas (da Logística Militar), para atender às suas necessidades de defesa.
Falando sobre a Logística Empresarial, pode-se observar que a sua concepção, dentro das empresas, foi evoluindo consideravelmente no que tange a parte de fluxo de produtos e serviços. A partir do momento em que os gerentes dessas empresas passaram a implementá-la em seus negócios, sabedores das experiências exitosas deixadas pelos militares, quando eles passando a controlar e coordenar de forma coletiva as atividades logísticas, houve uma mudança significativa na qualidade da prestação de serviços, bem como no atendimento aos seus clientes!
A valorização dessas atividades logísticas no planejamento estratégico das Empresas é um indicador de sua importância na obtenção de constante melhoria de competitividade das organizações. Para isso, a empresa utiliza novas técnicas e procedimentos, como parcerias e alianças estratégicas, voltadas para a obtenção de vantagem competitiva diante da concorrência.
Hoje em dia, os administradores deparam-se com inúmeras decisões referentes às atividades logísticas devido ao crescimento do mercado, o alargamento das linhas de produtos e dos vários meios de comunicações existentes. Com isto, deve-se analisar severamente todas as variáveis que circundam o sistema logístico, a fim de obter a otimização das operações envolvidas no processo.
O tema logística estará sempre sob objeto de interesse dos militares e dos empresários. A redução dos custos logísticos aliados ao aumento de produtividade neste setor nunca deixará de ser perseguido pelos gestores. Diante do mercado globalizado em que vivemos e com constantes mudanças, qualquer alteração pode provocar incertezas para o planejamento e operação das atividades logísticas. Isto exigirá habilidade e constante atualização por parte dos seus administradores.
BIBLIOGRAFIA
CAMINHA, V. Almte João Carlos G. Delineamentos da Estratégia. Rio de Janeiro: Bibliex Biblioteca do Exército, 1982.
ÁLVARES, Gal. Obino Lacerda. Estudos de Estratégia. Rio de Janeiro: Bibliex Biblioteca do Exército, Coleção General Benício, Vol. 95, Publicação 422, 1973.
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1988.
PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Rio de Janeiro: Bibliex Biblioteca do Exército, Lumen Juris, 2000.
BRAZ, Marcio Alexandre de Lima. A Logística Militar e o Serviço de Intendência: Uma Análise do Programa Excelência Gerencial do Exército Brasileiro. 2004. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3394/DISSERTACAO%20MARCIO%20BRAZ.pdf Acesso em 05 de junho de 2022.
DEFESA, Ministério. Manual de Campanha: Logística Militar Terrestre – C100-10, Rio de Janeiro: EB, ECEME, 2ª ed, 2003.
GUERRA, Escola Superior. Fundamentos do Poder Nacional, Rio de Janeiro: ESG, 2022.
DIAS, Betovem. Logística Militar: Berço da Logística Empresarial, Santa Catarina: UFSC, 2005.