Uma Análise sobre o Dia Internacional da Mulher sobre a Ótica de uma Advogada

Resumo

A ideia do presente artigo surgiu da ideia de explicar o motivo da escolha do da data de 08 de março como o dia da comemoração do dia internacional da mulher, sua motivação, as lutas das mulheres, nossas conquistas e nossa contante evolução.

Artigo

Uma Análise sobre o Dia Internacional da Mulher sobre a Ótica de uma Advogada

  • Adriana Brasil Guimarães

Resumo: A ideia do presente artigo surgiu da ideia de explicar o motivo da escolha do da data de 08 de março como o dia da comemoração do dia internacional da mulher, sua motivação, as lutas das mulheres, nossas conquistas e nossa contante evolução.

Palavras-chave: Dia. Internacional. Mulher.Março. Celebração

Porque comemorar o Dia Internacional da Mulher somente no dia 08 de março de cada ano ?

A celebração do dia 08 de março nos convida ano a ano a refletir sobre o quanto a nossa luta por direitos e oportunidades igualitárias é histórica e o quanto ainda falta para mudar essa realidade.

Na realidade deveríamos comemorar o “Dia Internacional da Mulher” todos os dias do ano.

Valendo lembrar que o mais simbólico dos eventos iniciando a  oficialização do dia internacional da mulher aconteceu em 1911 e foi o incêndio da fábrica têxtil, Triangle Shirtwaist, em Nova York. O acontecimento que matou 149 pessoas, entre elas 123 mulheres, em sua maioria imigrantes e pobres, que trabalhavam sob penúria e exploração na indústria têxtil.

Acrescente se ainda o protesto de mais de 15 mil mulheres reivindicando o sufrágio feminino e justiça de trabalho, esse ocorrido 02 anos antes desse incêndio, em 1909, também em Nova York.

A história verdadeira é que o 08 de março foi a data escolhida em homenagem às diversas manifestações sufragistas ao redor do mundo. Não que a história do incêndio não seja verdade, e nem as greves contra as condições precárias de trabalho, mas talvez devêssemos lembrar que as motivações para a data partiram daquelas que acreditavam que a transformação do mundo passava pelo reconhecimento do direito político das mulheres.

Passados hoje quase 115 (cento e quinze) anos dessas mobilizações, começamos a conquistar postos de comando na política, mas ainda não com a representatividade que merecemos e almejamos. Infelizmente ainda vivemos em um mundo machista.

Há exatos 92 anos as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto, na data de 24/02/1932.

O nascimento da data do Dia Internacional da Mulher marca não uma comemoração a se parabenizar, mas uma luta a se lembrar, entender e consolidar. Marca mais do que a necessidade de reflexão, mas a urgência da ação em favor da equidade entre os gêneros.

Por desconhecimento das razões históricas, ignorância das diferenças ou até mesmo ingenuidade, o significado do dia internacional da mulher ainda se encontra transcrito para a celebração do falacioso clichê da natureza feminina – o símbolo do carinho, do acolhimento, da beleza, do singelo e da maternidade. O símbolo da maternidade como função direta e principal da mulher. Não que não sejamos tudo isso, mas somos muito mais do que isso!

A naturalização dessas características inscreve sobre nós, mulheres, uma caixinha de comportamento à qual nenhuma de nós se conformou e se conforma, advogadas, empresarias, professoras, engenheiras, domésticas, avós, mães, filhas, netas, enfim mulheres de diferentes gerações, todas unidas em prol da luta pelo direito e pela equidade.

O Dia Internacional da Mulher é mais do que uma simples celebração. É um lembrete poderoso da resiliência, da força e da determinação que nós mulheres exibimos diariamente em face de desafios incontáveis. É uma ocasião para reconhecer não apenas as conquistas alcançadas, mas também as batalhas ainda travadas em prol da igualdade de gênero.

É uma oportunidade para honrarmos as mulheres que moldaram o curso da história com suas contribuições nas áreas do direito, da ciência, da política, da arte, da educação e muito mais. Mulheres que desafiaram normas e expectativas, quebraram barreiras e abriram portas para a nossa geração e as gerações futuras.

No entanto, o Dia Internacional da Mulher também nos confronta com a dura realidade das desigualdades persistentes que ainda se encontram em nossas sociedades. A disparidade salarial, a sub-representação em cargos de liderança, a violência de gênero e outras formas de discriminação continuam a nos obstaculizar impedindo o pleno potencial das mulheres, impedindo a nossa total realização.

Esse é sempre um momento e uma ocasião para renovar nosso compromisso com a luta pela igualdade, não apenas em palavras, mas em ações concretas. Para defender os nossos direitos, os direitos das mulheres, amplificar nossas vozes e criar um mundo onde todas as pessoas, independentemente do gênero, tenham as mesmas oportunidades e muito mais dignidade.

Portanto, neste momento, enquanto celebramos as nossas conquistas do passado e do presente, também nos comprometemos a continuar trabalhando incansavelmente em direção a um futuro em que todas as mulheres possam prosperar, serem valorizadas e viverem livres de discriminação e injustiça.

E por favor, não nos deem os parabéns por sermos mulheres, por celebrarmos em todos os dias 08 de março de cada ano, o Dia Internacional da Mulher, mas muito mais do que isso, nos deem os parabéns pelas nossas conquistas ao longo desses anos.

Deem-nos os parabéns pela nossa luta de todos os dias, sim porque ainda lutamos por outras conquistas, pelo fim da violência contra a mulher, pelo fim da criminalização do aborto, pelo fim da discriminação contra homossexuais, pelo fim da discriminação de religião, sexo e cor, pela igualdade dos salários e pelo incentivo à ascensão aos postos de comando.

A mulher deste nosso século deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz ativa a seu senso crítico. Deixou-se de acreditar numa inferioridade natural da mulher diante da figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social, inferioridade esta aceita e assumida, ainda e muitas vezes, infelizmente, por algumas mulheres.

Contudo, avanços à parte, é preciso que se diga que as questões de gênero no Brasil e no mundo devem sempre estar na pauta das nossas discussões.

Lutamos e lutaremos sempre contra a desigualdade, seja ela qual for, contra ainda um mundo ainda muito desigual.

Parabéns a todas nós mulheres, pelas nossas conquistas e por aquelas que ainda estão por vir.

Por fim, parabéns a todos os nossos homens colegas, companheiros, pais, irmãos, maridos, filhos e netos que nos amam, estão sempre ao nosso lado e nos reconhecem como mulheres guerreiras e competentes!

E, viva o Dia Internacional da Mulher!

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Adriana Brasil Guimarães, advogada, associada da AJS Cortez & Advogados Associados, Conselheira da OAB/RJ e 2ª Vice-presidente do IAB Nacional – Instituto dos Advogados Brasileiros

Palavras Chaves

Dia. Internacional. Mulher.Março. Celebração